A BONECA SOU EU



                                    A Boneca sou Eu  

 Ontem, estive visitando a exposiçao da Lia Menna Barreto, no Margs, e fiquei encantada com a exuberancia das suas ideias, o humor, a liberdade e a originalidade de suas obras. Se tem alguém que prova que o readymade (ressignificaçao de objetos fabricados para outros fins) sugerido por Duchamp é uma grande vertente de arte, esta pessoa é Lia. Seu grande barato são as bonecas, veja você, uma mulher que questiona, escarafuncha, destripa, recorta, passa a ferro, desmonta e monta de outros jeitos bonecas, provando que como mulher e como artista deseja ir - e vai! - muito além do primeiro papel destinado às bonecas: o de treinar futuras mamães. Portanto, Lia Menna Barreto, ao ressignificar a readymade "boneca", ressignifica também a noção de readymade "mulher", abrindo um imenso leque de mulherices e mulheragens. Ri muito atrás da minha máscara com as invencionices geniais dela e com os sapos passados (a limpo), ex-príncipes? Vá visitar mas deixe os chiliques do lado de fora e entre com o HD resetado. Vai ser muito mais divertido. Até porque, como Lia argumenta quando alguém faz um escândalo ao ver que ela passou a boneca a ferro (trocadilho?):" - A boneca sou eu!", aliás, o nome da exposição. Curadoria do querido Francisco Dalcol .

Graça Craidy
28/07/2021