Segunda entrevista de 2014

Entrevista cedida para a terceira edição da revista "Pomares", editada pela Fundação Vera Chaves Barcellos 2014 - Viamão - RS



Lia Menna Barreto é original do Rio de Janeiro, mas adotou o Rio

Grande do Sul como o lugar de sua produção. Estudou no Ateliê Livre de

Porto Alegre nos anos de 1970. É Bacharel em Desenho pelo Instituto

de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde se formou

em 1985. Nos anos 90 morou nos Estados Unidos, e trabalhou num atelier

  na Universidade de Stanford, em São Francisco. Participou da 6o Bienal de Havana e da

1o e da 4o Bienal do Mercosul. Casada com o artista Mauro Fuke há 30

anos, vive com o marido e a filha do casal em Eldorado do Sul, nos

arredores de Porto Alegre, onde mantém sua residência e ateliê.

FVCB - Lia, tua obra é perpassada pelo tema da infância, seja através

da utilização de brinquedos, como as bonecas e os bichos de borracha,

seja através de uma série de instalações que chamas de Sistemas

(Cultivados, Elétricos e Produtivos). Para iniciarmos esta entrevista

eu gostaria que falasses um pouco da tua infância no RJ, do teu

ambiente familiar, sobre o despertar da menina Lia para o mundo e para

a natureza ao redor.

LIA - Eu só nasci no Rio de Janeiro. Minha infância eu passei no interior

de São Paulo, onde vivi até os 13 anos numa cidade onde só havia

calor. Eu fui uma criança moleque, daquelas que sobe em árvores para

comer frutas, pular muro; brincava descalça com a mangueira na

calçada. Tive poucas bonecas e bichos de pelúcia nenhum. Brincava com

meus 4 irmãos. Sou fascinada pelas cores e formas simples que o

universo infantil se utiliza para exercitar-se, e foi esse material

que escolhi para trabalhar.

FVCB – Quais as memórias que tens de tua chegada em Porto Alegre, esta

mudança teve algum significado especial na tua juventude? Houve um

momento especial em que a Lia artista se manifestou?

LIA - Sim, foi marcante a minha chegada aqui pois tive que me adaptar a uma

realidade completamente oposta a que eu conhecera desde então...Eu não

sabia o que era casaco, foi uma loucura, chocante. Foi

uma verdadeira ruptura na minha vida a mudança para Porto Alegre, eu

me perdi mesmo e de uma certa forma acho que só me recuperei quando

decidi ser artista e entrei na faculdade, no Instituto de

Artes da UFRGS. A descoberta da Lia artista na minha juventude me

libertou, eu assumi uma personalidade forte e decidida.

FVCB – Quais as recordações dos tempos de formação da artista, como

era o ambiente de estudos no Atelier Livre e no Instituto de Artes?

LIA - Vivi momentos lindos de descobertas no atelier Livre e no Instituto

de Artes eu tive colegas e professores que me ensinaram muito. No

início eu pintava, mas eu nunca mostrei... E eu já tinha uma tendência

para explorar o lado lúdico dos objetos.

FVCB - Como foi o início tua vida como artista?

LIA - Totalmente romântico. Todo mundo estava brotando. Na década de 80 e

parte da seguinte eu trabalhei muito mas vivia de “amor à arte”.

 Eu fazia uns trabalhos peludos gigantes que ninguém queria comprar para

colocar na casa. Eu não vendia meu trabalho aqui e precisava

sobreviver. Então decidi procurar as  galerias em São Paulo

que eu achava que aceitariam melhor o meu trabalho. Aí eu fui de

galeria em galeria, muito cara de pau, com o portifólio embaixo do

braço e queria falar com o marchand, risos. Eu fui a várias

galerias famosas. Eu procurei a Luisa Strina, ela me recebeu e me

perguntou se eu já havia participado de alguma mostra importante e eu

disse que não, risos.

FVCB – Como ocorreu a tua primeira exposição na galeria do Thomas Cohn

no Rio de Janeiro, em 1982?

LIA - Como ele era um galerista respeitado eu comecei a mandar imagens do

meu trabalho pra ele conhecer, afinal, eu não tinha nada a perder.

Durante um período eu mantive o Thomas Cohn atualizado com o que eu

produzia. Acho que ele soube que eu estive em São Paulo pois logo

depois que eu voltei ele me ligou um dia e disse que estava vindo a

Porto Alegre e queria me visitar.

 Eu não esperava aquilo. Ele foi lá em casa, no atelier e comprou vários trabalhos

meus. Ele também era um romântico, isso dele ir de repente lá em

casa... Depois eu fiz uma exposição em 1990 lá no Rio em que foram

vários artistas jovens como a Adriana Varejão, o Zerbini... quando comecei a ficar conhecida

 no Rio de Janeiro. O meu trabalho era muito arrojado para a época. Em 1993, eu expus

 numa galeria recém inaugurada  em São Paulo, a Camargo Vilaça, uma exposição só de

 bonecas e que foi muito vista... e foi quando o meu trabalho começou a ter visibilidade em São
Paulo.

FVCB - Desde tua primeira exposição, e ao longo de tua trajetória como

artista, as bonecas vêm sendo senão o principal objeto de tua obra, um

dos teus preferidos. Haveria algum outro motivo pela escolha destes

objetos?

LIA - Eu trabalho com simulacros; com a boneca da lagartixa que é a de

plástico, o boneco do sapo que é o sapo de plástico, a flor de mentira

e por aí vai, eu sinto atração por simulacros. O universo infantil me

interessa nessa coisa lúdica. E tudo o que é “faz de conta”, de contar

uma história. O universo infantil sim, mas eu não sou psicóloga, eu

não estou interessada na complexidade da infância, o que me interessa

mesmo são as cores e as formas dos objetos infantis... Quando eu entro

numa loja de criança e vejo aquele mundo...é como se fosse uma paleta de pintura pra mim.

Me perguntam seguidamente se eu trabalho com a infância mas eu

trabalho com os objetos da infância.

FVCB – Mas tu também não relaciona com a tua infância, tu não brincava

de boneca...

LIA - Não. Eu brinquei muito pouco de boneca, eu tinha uma ou duas que eu

ganhei mas eu não brincava muito com elas, diferente da minha filha

que brincou. A minha filha é filha da Projeto (Escola), ela lê muito,

devora livros. Eu não lia muito na minha infância, eu vivia pendurada em um

pé de manga.Urso de pelúcia eu nunca tinha visto até me mudar pra

Porto Alegre pois no interior de São Paulo era só calor.

FVCB – “Diário de uma Boneca” é uma obra que marca a tua volta ao

trabalho como artista depois do nascimento da Lara, tua única filha.

Fala um pouco sobre essa instalação e sobre os “estados emocionais”

que elas representam.

LIA - Cada boneca saía de um jeito, dependendo de como eu estava,

às vezes eu estava sem vontade, cansada...Mas eu tinha me proposto

aquele trabalho. Então eu descobri que eu podia fazer uma trouxa,

uma coisa conforme o meu estado e aí eu fui fazendo...eram bonecas

que não eram bonecas. Acabou sendo um trabalho muito rico, muito

sincero e franco. No pouco tempo que eu tinha pois eu cuidava da Lara

o dia inteiro, então eu fazia uma boneca para a Lara, antes dela ir

dormir, ou enquanto ela dormia.Eu inventei um trabalho adaptado àquela

situação. Eu adaptei o trabalho àquela rotina da Lara, que tinha hora

pra comer, hora pra dormir, hora pra acordar. E ao final do dia eu

tinha a rotina de criar a boneca. Não lutei pra criar, foi tudo muito

intuitivo. Acho que este trabalho é uma luva. Perfeito neste sentido.

É um trabalho maluco... refletia o meu estado. É uma característica do

meu trabalho: a adaptação.

FVCB - O feminino é o teu universo?

LIA - Eu acho que eu tenho um trabalho feminino primeiro por que eu sou

mulher. A mulher lida com um universo mais tenebroso... Ela é

mais bruxa. A energia masculina não é tão bruxa, é mais pé no chão. A

mulher lida com algo mais complexo. A mãe é super-bichinho, ela tá

atenta a tudo, com a criança recém caminhando ela tá olhando pra todos

os lados como um animalzinho cuidando da cria. E a gente acaba ficando

assim no trabalho também, muito cuidadosa. Eu posso trabalhar com

vários universos ao mesmo tempo, quando eu estou pensando num

trabalho eu também penso em outro. O meu raciocínio não é lógico, eu

sou muito intuitiva...vou muito pelo feeling e tenho dificuldade de

lidar com a lógica.

FVCB – Numa entrevista recente tu disseste que o caráter abjeto ou

perverso de teu trabalho, observado pelos críticos e pesquisadores de

tua obra, é algo que te choca. Por quê?

LIA - Eu não disse que me chocava, eu disse q eu não gostava. Fico triste com

esse tipo de leitura mas entendo que meu trabalho sugira esse lado mais sinistro para algumas

 pessoas, mas não são todos que percebem assim.

FVCB – Tu te achas um pouco artista-bruxa?

LIA - Não. Eu sou muito intuitiva e percebo

muito as pessoas. Eu me acho muito feminina.

FVCB - Tu acompanhas a cena artística contemporânea? E a imensa

produção dos artistas que a cada dia invadem a web e o circuito de

exposições no Brasil e no exterior?

LIA - Sim, estamos vivendo uma grande festa onde tem espaço para todos os

tipos de arte.

FVCB – Ainda existe um certo idealismo ou, romantismo, como tu falas,

nos artistas da novíssima geração?

LIA - Muito pouco, mas acho que existe sim, no começo.

FVCB - Conta um pouco de tua experiência em Stanford, na Califórnia.

Como foi a convivência com os artistas que conheceste por lá e o que

deixou como legado para o teu amadurecimento como artista.

LIA - Foi um prêmio muito generoso que eu tive a sorte de ganhar, fui levada

para conhecer Nova York, Los Angeles, Chicago, São Francisco, Boston e

também o Grand Canyon. Pude trabalhar ao lado de artistas americanos

em Stanford, num estúdio só meu. Foi maravilhoso poder ver grandes

artistas de perto, conhecer museus importantes.

FVCB - Porto Alegre foi definitivamente inserida no circuito de arte

contemporânea a partir da I Bienal do Mercosul, em 1997. Além da

Bienal, a criação da Fundação Iberê Camargo e da própria FVCB, também

contribuíram e muito, para este reconhecimento. Paralelamente existe

uma constatação por parte dos artistas, de um modo geral, da

inexistência de um mercado digno da produção aqui realizada. Terias

algo a dizer sobre isto?

LIA - Nós ainda não conquistamos um mercado para arte contemporânea, a

cidade precisa crescer mais. Acho que abertura da Bolsa de Arte, da

Marga Pasqualli, agora em São Paulo, vai projetar os artistas do RS,

vamos conseguir vender nosso trabalho lá. Ela possui garra

necessária para isto.

FVCB – Já participastes de duas exposições coletivas da FVCB.  Em 2010,

na mostra inaugural da instituição com a obra “Jardim da Infância” e,

mais recentemente, em 2013, na exposição Limites do Imaginário,

com “Máquina de Bordar”, uma instalação que integra a categoria de

Sistemas Cultivados e Produtivos e, como obra-viva , estabelece

uma vigorosa relação entre a arte e a vida já que sem os cuidados

necessários a obra fenece. Gostaria que comentasses um pouco sobre o

significado destas instalações no conjunto de tua produção e a relação

delas com a série de trabalhos mais recentes, “Bordados”.

LIA - A série "Bordados” não tem a ver com a “Máquina de Bordar”, são

simulacros de bordados, imitações de bordados. Eu acredito que a

Máquina de Bordar trabalha com um conceito de bordado genuíno. Foi

uma luta até eu chegar aquele sistema. Levou um ano até ficar daquele

jeito. Eu experimentei muito. Comecei com o feijão, como quando a

gente é criança só que ao invés do algodão eu usei um matelassé, um

tipo de gaze. Depois que brotou, quando eu ia jogar fora,eu levei um

susto e disse; o que que é isso! Meu Deus!Olhei embaixo, na parte

detrás, e vi um bordado emaranhado incrível, cheguei a pendurar na

parede. Aí eu pensei: vou fazer um grande destes. Comprei um matelassé

grande,enorme e semeei o tecido com grãos de milho e passei a molhar

todo dia, assim como eu molhava as “Cabeças de Bonecas”, e quando

começou a brotar eu fiquei emocionada com aquilo. Era lindo. Mas ainda

não era o que eu queria. Mas já era um trabalho. E o que eu achava

lindo era ver o milho brotando!Eu pensei em um vídeo... mas não tinha

a ver com a linguagem que eu usava . Logo depois eu achei o tecido de

fralda e depois as bandejas de padaria e acabei montando a Máquina

de Bordar. E foi um sucesso! Foi exposta em vários locais.Foi pro

Museu de Curitiba, pro MAC de SP, onde tudo é mais profissional, eu

enviava um kit com instruções para montagem. Rodou muito a “Máquina de

Bordar”.

FVCB – O que tu achas dos projetos educativos das instituições

culturais? Tu acreditas em arte-educação?

LIA - Ah eu acredito sim, muito. O meu trabalho é muito bom pra isto,

sabe...por exemplo, as “Cabeças de Bonecas”(instalação) é uma ampliação

do cuidado que a criança tem que ter com a boneca. Trabalha cuidado,

afeto; a “Máquina de Bordar”, com o milho, é uma ampliação da

experiência que toda criança tem com o broto de feijão que fez na

escola. Tudo que eu faço nasceu, de uma certa maneira, de um processo

educativo. Eu acho que o meu trabalho se presta muito pra arte-

educação. A Escola Projeto fez uma experiência neste sentido com a

minha obra e as crianças fizeram interpretações incríveis sobre o meu

trabalho. Elas se interessaram pelo material que era diferente da obra

de arte mais convencional. Reinventaram a boneca, fizeram horrores,

usaram outros brinquedos,carrinhos, foi muito interessante.

FVCB – Tu concordas com o Ziraldo, que lidera um movimento cujo slogan

é “Ler é mais importante que estudar”?

Não concordo, essa é mais uma frase feita.

FVCB – Os trabalhos da série “Bordados”, expostos recentemente são

muito delicados.Como surgiram?

LIA - Surgiu quando eu fiquei sem trabalhar um tempo, sem atelier,

que foi ocupado pela Tun, a empresa de acessórios de borracha que eu

criei com o Mauro(Fuke). Eu comecei a fazer trabalhos com seda, com

cara de bordado. Comecei a colecionar elementos como passarinhos e

flores para compor os bordados. Esses bordados são mais um simulacro,

assim como as bonecas e os bichos de pelúcia. Mas desta vez com mais cara de bordado

mesmo, mas de mentirinha, fake. Mas eu me diverti muito, eu tenho que

me divertir no trabalho senão tem alguma coisa errada, risos.

FVCB – Como foi a criação da instalação “A Fábrica”, que participou da

Bienal de 2003?

LIA - Mais um trabalho adaptado, um Sistema Produtivo. Surgiu da emergência.

Eu tinha sido convidada para participar e um mês antes eu não sabia o

que ia expor e eu não conseguiria criar a tempo. Eu tinha acabado de

expor na Bolsa de Arte os tapetes de lagartixas, que eram fundidos

com ferro de passar. Eu nunca tive assistente, mas para fazer

os tapetes eu tive uma pessoa que me ajudou, era um trabalho que

precisava de assistente.Aí eu pensei, sabe de uma coisa, eu vou levar

meu atelier pra Bienal,e a Bienal me dá os ajudantes, assim mesmo.

Para fazer os tapetes, as bobinas e os outros objetos eu  usei as

lagartixas de , os sapos,as cobras e o sapos de borracha.

. Era um processo de trabalho usando ferro de passar roupa que

vinha desde o ano de 2000. Dali nasceu um Sistema Produtivo, que era o mais

interessante daquele trabalho. Foi um trabalho muito impactante, as

pessoas adoravam ver a “Fábrica”, foi uma experiência única.

FVCB – Tu és casada com um escultor há 30 anos e vocês vivem a

experiência de viver e trabalhar juntos em tempo integral. O trabalho

de um influencia o do outro e vice-versa?

LIA- Acho que não. A essência do trabalho dele é muito diferente do meu, eu

não interfiro no trabalho dele. O mundo dele é muito particular,

diferente do meu mundo. Minha “pegada” é diferente. O Mauro domina o

material dele como eu domino o meu.Outro dia eu disse pra ele que

ele lutava com a madeira e ele disse que agora menos. Temos mundos

e olhares diferentes como artistas. Dividimos casa e atelier, somos

companheiros um do outro.E nós moramos lá(Eldorado do Sul) também por

uma razão bem prática. A ida pra lá também foi fruto da necessidade,

nós não vendíamos nosso trabalho aqui em Porto Alegre, não

conseguíamos nos manter.Então a minha mãe emprestou a casa dela pra

gente morar em Eldorado do Sul. Lá sim foi romântico mesmo, risos. Nós

nos instalamos sem nenhum conforto, improvisamos os ateliers,não tinha

água quente,tinha bichos, foi uma loucura... Mas nós conseguíamos

trabalhar assim mesmo, a Lara ainda não tinha nascido. Não nos dávamos

conta daquele “romantismo”, risos.

FVCB – Como surgiu a Lia empresária, e a empresa de acessórios de

borracha Tun?

LIA - Essa é outra história também. O Mauro lida melhor com isso. Nos anos

80, durante o movimento dark, eu comecei a fazer uns acessórios

pra mim com câmara de borracha de pneu. Eu recortava com tesoura,

inventei um anel que ficava de pé, umas pulseiras, uns colares. Eu

dava de presente para os amigos, eu nunca vendi. Aí passou a fase e

eu esqueci. Aí, quando a Lara estava na escola,Eu me lembrei daquele movimento e resolvi fazer uns

anéis com câmara de pneu,ao mesmo tempo eu recortava, no atelier, as bonecas em espiral, .

o Mauro quando viu aquilo disse: “Lia, vamos fazer isto com recorte a laser, a tesoura já

era. Podemos desenhar e depois passar para o computador.”

Aí quando eu vi o resultado fiquei fascinada!

E o Mauro também. Mas eu não pensava que a ideia ia crescer. Foi uma

série de tentativas e erros. Até acertar a borracha certa, a gente errou

muito. Aí, um dia, eu fui convidada

para expor os acessórios lá na Fundação Iberê Camargo pois a pessoa

encarregada gostou do meu colar, ficou fascinada. De lá pra cá a gente

cresceu muito, vendemos na França, na Austrália,  de MAM de São Paulo,

no Instituto Tomie Ohtake. Nós trabalhamos juntos em todo o processo de produção desde a escolha

 do material até o resultado final.

FVCB – Por último gostaria de saber sobre o que passa na cabeça da

artista por estes dias e sobre os projetos futuros.

LIA - Estou construindo um atelier novo para mim, pretendo trabalhar muito

mesmo, estou super animada com os meus falsos bordados para compor a

minha nova exposição que acontecerá ainda este ano em São Paulo.

Estou feliz de ver nascer uma nova artista aqui em casa, minha filha

Lara, de 17 anos, não consegue parar de desenhar. Ela está escolhendo

design, eu acho que ela quer ser artista.

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